O HOMEM PSI

Há cerca de duzentos mil anos o princípio inteligente avança no desenvolvimento do pensamento contínuo em busca de objetivos que vão além da garantia da autossobrevivência. Além das questões materiais de manutenção da vida, sua e do grupo familiar, tem dirigido seu pensamento para buscas mais amplas, nem sempre plenificadoras, onde o egoísmo e o orgulho embotaram os potenciais divinos e projetaram as metas existenciais de aprimoramento pessoal, cultural, econômico, social de modo a traduzir a ideia de que a felicidade e a plenitude se encontraria fora e não dentro de si próprio.

Apesar do grande avanço da Psicologia Moderna, todavia, continua o homem a ser o grande desconhecido de si mesmo e a eventualmente projetar para fora o desalinho das frustrações encontradas diante da ausência de bem estar íntimo.

Após séculos de experiências de aprendizado e renovação, especialmente no campo das emoções, e obtemperando uma certa dicotomia entre a razão e o sentimento, quando os choques perturbadores assomam, trazendo a bênção da dor como força reflexiva de autossuperação de valores e condutas, começa a reflexionar sobre os objetivos existenciais e a necessidade de expandir a consciência a fim de atrair para si a conquista da verdadeira felicidade e paz.

Na medida em que as conquistas externas não traduzem as reais sensações de plenitude e considerando que o tempo destrói o que não é perene, o ser humano do século XXI culmina por adentrar na era Psi, da busca por si mesmo, do sentido de Si, no rumo do autoencontro, da consciência plena, dos valores éticos imperecíveis do desenvolvimento emocional e espiritual. O desafio existencial se dirige a uma conscientização da realidade espiritual e da busca de valores eternos, daquilo que ninguém nem o tempo pode destruir porque fixado na zona íntima do patrimônio real aquilatado por cada um: as conquistas morais.

Sócrates, 500 a.C, já afirmava: “Se somos eternos, porque não vivermos segundo a eternidade?”

Em plena era de transição planetária, onde os padrões comportamentais éticos e sociais traduzem mais perturbação do que emulação positiva, o indivíduo que anseia agir sob as luzes dos valores intrínsecos da alma sintoniza com a solitude e o recolhimento interior, como ferramentas hábeis de equilíbrio, renovação e tranquilidade. Integrar ego e self, vivências e valores, harmoniosamente, no patamar da zona mais alta da consciência é desafio que traz a dádiva do aprendizado e da evolução.

A existência terrena tem uma finalidade primordial e impostergável, que é a unificação do ego com o inconsciente, onde se encontram adormecidos todos os valores jamais experienciados e capazes de produzir a individuação (Joanna de Angelis)1.

No campo da ciência moderna, além da inteligência intelectual e da inteligência emocional descobriu-se que o indivíduo é também dotado de inteligência espiritual. Pesquisas realizadas pela neurociência descobriu recentemente o denominado “Ponto de Deus” nos lobos frontais do cérebro humano. Há, portanto, no imo de todos nós uma predisposição fisiológica, inclusive, para a transcendência, o significado profundo da existência e a conexão com o eu divino.

Nessa interiorização de si, no encontro consigo mesmo, onde habitam os sentimentos sublimes do amor e da compaixão, o homem do terceiro milênio tem a possibilidade de avanços significativos no rumo da consciência cósmica, da autorealização, da saúde integral. Como nos diz Joanna, “existe uma inteligência espiritual com o qual nos curamos e nos tornamos um todo íntegro”2.

Nesse sentido, a psicologia espírita traduzida na obra psicológica de Joanna de Ângelis nos serve de salutar apoio, eis nos remete a cinco pilares básicos para estudo e aplicação prática no campo do autoconhecimento:

  • Aprender a se conhecer (CONHECE-TE A TI MESMO E CONHECERÁS O UNIVERSO E OS DEUSES)
  • Aprender a Viver (fazer escolhas mais adequadas)
  • Aprender a Ser (conectar-se com os seus valores)
  • Aprender a Amar (e a se amar)
  • Aprender a Servir (se identificar no outro)

A partir desse primeiro pilar, que essa integração positiva e harmoniosa conosco mesmo seja a grande meta regeneradora de todos nós, passo para as construções éticas e solidárias de um ser consciente alinhado ao Divino Código da Vida.

Referências

  1. Refletindo a Alma, cap.2, Primeira Parte. Joanna de Angelis/Divaldo Franco ↩︎
  2. O Despertar do Espírito, Cap.1. Joanna de Angelis/Divaldo Franco ↩︎
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Adriana M. C. de Oliveira

Associada da ABRAME e Juíza.