Na Revista Espírita de janeiro de 1860, Allan Kardec, anotando os progressos das ideias espíritas, afirma categoricamente: O Espiritismo progrediu principalmente a partir do momento em que passou a ser melhor compreendido em sua essência íntima, desde que se viu o seu alcance, porque toca na corda mais sensível do homem: a de sua felicidade, mesmo neste mundo.1
Não é a solução dos problemas ou a ausência deles, mas a compreensão das causas e consequências, das razões e dos porquês que nos possibilitam agir com sabedoria, enfrentando e solucionando cada desafio da vida.
Podemos comparar nossa vida, nossa reencarnação na Terra, a uma viagem. O fato é que, como Espíritos imortais, estamos vivendo aqui uma das muitas experiências reencarnatórias, embora boa parte das pessoas não saiba disso. Na verdade, a maioria desconhece a realidade espiritual.
O Espiritismo nos explica essa viagem evolutiva, nos ensina que somos Espíritos imortais criados por um Pai soberanamente justo e bom, e que nosso destino é a felicidade. Renascidos em corpos físicos, viemos viver na Terra as experiências de uma escola que nos dará muitas ensanchas de crescimento.
Como esta não é nossa primeira experiência, nossa primeira vida, temos muitas vivências do ontem, de vidas anteriores, em que acertamos e erramos. O que comanda tudo isso é a chamada Lei de Evolução, ao lado da Lei de Justiça, que vai renovando os ensejos para que possamos corrigir caminhos equivocados do ontem. Tudo se harmoniza perfeitamente para proporcionar nossa evolução. Os familiares e companheiros de jornadas anteriores com os quais já viajamos, acertando com alguns e errando com outros, estão juntos novamente para nos reorganizarmos como grupo em auxílio e apoio mútuos.
Eventuais limitações e doenças do corpo são reajustes do passado por mau uso do que tínhamos ou para que consigamos conquistas no presente. Dotados de inteligência e vontade, de intuições e ideias do passado, temos o livre-arbítrio como o grande motor para impulsionar nossa evolução nesta viagem.
Aprendemos, ainda, com a Doutrina Espírita, que temos ao nosso lado uma nuvem de testemunhas, que a nossa família espiritual, maior que a física, nos acompanha do outro plano. Um anjo da guarda – ou mais protetores –, além de afetos queridos, estará ao nosso lado por toda a existência. Também alguns irmãos mais difíceis do passado, que podem nos influenciar negativamente, sendo necessária permanente vigilância para manutenção do pensamento sadio e de boas sintonias.
O Espiritismo nos tranquiliza com relação ao futuro ao estabelecer que a morte é simplesmente o retorno ao mundo espiritual de onde viemos e que esse retorno será tanto mais proveitoso quanto melhores forem nossas ações durante esse período da viagem. Esclarece que, depois da morte, teremos novas vidas em outros corpos, em outras viagens, que poderão ser neste ou em outros planetas, de acordo com nossas necessidades de aprendizado.
Entender a viagem, quem somos e o que fazemos por aqui. Compreender os mecanismos da Lei de Justiça que ilumina as aparentes injustiças no nosso caminho e nos caminhos dos que estão à nossa volta. Poder agir de acordo com esses mecanismos, impulsionando nossa evolução na jornada feliz. Acima de tudo, conseguir sentir Deus como um Pai soberanamente justo e bom, Inteligência suprema e Causa primária de todas as coisas, de todo esse Universo infinito. Isso tudo leciona o Espiritismo, essência da felicidade. A Doutrina que esclarece quem somos, o porquê de estarmos aqui, a razão de nossos problemas, desafios e facilidades, e que nos aponta um destino feliz e uma razão lógica para vivermos com correção e dignidade buscando nos melhorar a cada dia.
Agradeçamos a Deus por sermos espíritas. Oremos em favor de Allan Kardec por seu esforço na construção dessa Doutrina tão grandiosa, bela e, ao mesmo tempo, simples, fazendo luz em torno de verdades por tanto tempo ocultas.
Felizes, divulguemos com nossos atos o Espiritismo, tornando nossa Terra um mundo melhor para todos. É nosso dever.
Referência
- KARDEC, Allan. Revista Espírita: Jornal de Estudos Psicológicos, ano 1860, v. 1. Rio de Janeiro: FEB, 2004. O Espiritismo em 1860. ↩︎
Nota
Este artigo foi originalmente publicado no site Mundo Espírita. Para acessar o conteúdo original, clique aqui.