A fé: mãe da esperança e da caridade

11. Para ser proveitosa, a fé tem de ser ativa; não deve entorpecer-se. Mãe de todas as virtudes que conduzem a Deus, cumpre-lhe velar atentamente pelo desenvolvimento dos filhos que gerou.

A esperança e a caridade são corolários da fé e formam com esta uma trindade inseparável. Não é a fé que faculta a esperança na realização das promessas do Senhor? Se não tiverdes fé, que esperareis? Não é a fé que dá o amor? Se não tendes fé, qual será o vosso reconhecimento e, portanto, o vosso amor?

Inspiração divina, a fé desperta todos os instintos nobres que encaminham o homem para o bem. É a base da regeneração. Preciso é, pois, que essa base seja forte e durável, porquanto, se a mais ligeira dúvida a abalar, que será do edifício que sobre ela construirdes? Levantai, conseguintemente, esse edifício sobre alicerces inamovíveis. Seja mais forte a vossa fé do que os sofismas e as zombarias dos incrédulos, visto que a fé que não afronta o ridículo dos homens não é fé verdadeira.

A fé sincera é empolgante e contagiosa; comunica-se aos que não a tinham, ou, mesmo, não desejariam tê-la. Encontra palavras persuasivas que vão à alma, ao passo que a fé aparente usa de palavras sonoras que deixam frio e indiferente quem as escuta. Pregai vossa fé pelo exemplo, para a incutirdes nos homens. Pregai pelo exemplo das vossas obras para lhes demonstrardes o merecimento da fé. Pregai pela vossa esperança firme, para lhes dardes a ver a confiança que fortifica e põe a criatura em condições de enfrentar todas as vicissitudes da vida.

Tende, pois, a fé, com o que ela contém de belo e de bom, com a sua pureza, com a sua racionalidade. Não admitais a fé sem comprovação, cega filha da cegueira. Amai a Deus, mas sabendo por que o amais; crede nas suas promessas, mas sabendo por que acreditais nelas; segui os nossos conselhos, mas compenetrados do fim que vos apontamos e dos meios que vos trazemos para o atingirdes. Crede e esperai sem desfalecimento: os milagres são obras da fé” José, Espírito protetor.

ESE, Capítulo XIX – A fé transporta montanhas

A palestra de Haroldo Dutra Dias proferida no encerramento do XI Congresso Espírita da ABRAME, no dia 11 de novembro de 2023, foi riquíssima.

Conectou o que foi tratado na palestra inicial sobre saúde mental e todas as demais rodas de conversa realizadas.

Os Magistrados e Magistradas do Brasil estão sofrendo. Os dados do CNJ apontam uma parcela da dor, pois há uma cifra oculta que não aponta a dor que ainda não gerou licença-saúde. Precisamos ser resilientes, agindo no bem apesar flagelo das dores da transição planetária. Sentimos que algo precisa ser feito.

Haroldo lembra a carta de Paulo aos Tessalonicenses e a necessidade de utilizarmos o capacete da esperança para nos protegermos das flechas do desânimo e da tristeza.

Porque os que dormem, dormem de noite, e os que se embebedam, embebedam-se de noite.

Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e do amor, e tendo por capacete a esperança da salvação;

Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo,

Que morreu por nós, para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos juntamente com ele.

Por isso exortai-vos uns aos outros, e edificai-vos uns aos outros, como também o fazeis.

E rogamo-vos, irmãos, que reconheçais os que trabalham entre vós e que presidem sobre vós no Senhor, e vos admoestam;

E que os tenhais em grande estima e amor, por causa da sua obra. Tende paz entre vós”.

1 Tessalonicenses 5:7-13

Esperança! Como levar esse capacete para todos os magistrados e magistradas do Brasil?

Caridade! Como conclamar todos os magistrados e magistradas a agir nas obras do Cristo?

É chegada a hora de a fé assumir sua maternidade. A fé é mãe da esperança e da caridade. Ela é mãe zelosa e que cresce com suas filhas.

É chegada a hora de realizarmos obras concretas dessa fé, a fim de que levem esperança aos corações e caridade ao pensamento daqueles que assumiram o grave compromisso de exercitar a magistratura em plena transição planetária.

Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras”

Tiago 2:18

Dois eixos de ações ficam claros: esperança e caridade.

Como poderemos reforçar a esperança dos magistrados e magistradas? Como poderemos conclamá-los a exercitar a caridade?

Cabe aos associados descobrirem o modo como fazê-lo. Cabe aos Delegados da ABRAME iniciarem o movimento de capitanear essa tarefa. Ação coletiva. Construída por muitas mãos e sob inspiração do alto.

Somos poucos? Que essas palavras não tenham sentido para nós.

(…) A revolução que se apresta é antes moral do que material. Os grandes Espíritos, mensageiros divinos, sopram a fé, para que todos vós, obreiros esclarecidos e ardorosos, façais ouvir a vossa voz humilde, porquanto sois o grão de areia; mas, sem grãos de areia, não existiriam as montanhas. Assim, pois, que estas palavras “Somos pequenos” — careçam para vós de significação. A cada um a sua missão, a cada um o seu trabalho. Não constrói a formiga o edifício de sua república e imperceptíveis animálculos não elevam continentes? Começou a nova cruzada. Apóstolos da paz universal, e não de uma guerra, modernos São Bernardos, olhai e marchai para frente; a lei dos mundos é a do progresso.

Fénelon (ESE, Capítulo 1, item 10)

Pensemos ações que contemplem esses dois eixos: esperança e caridade. Construamos coletivamente o que coletivamente precisa ser feito.

Conta-se que na guerra russo-japonesa, terminada a batalha de Tsushima, o grande Togo reuniu os seus soldados no cemitério de Oogama, e na tristeza majestosa do ambiente, em nome da nacionalidade, dirigiu-se aos mortos em termos comovedores; concitou-os a auxiliar as manobras militares, a visitar os cruzadores de guerra, levantando o ânimo dos companheiros que haviam ficado nas pelejas. Uma claridade nova cantou as energias espirituais do valente adversário da pátria de Stoessel e os filhos de Yoritomo venceram.

Na atualidade, afigura-se-nos que os brados de todos os sofredores e infelizes da Terra se concentram numa súplica grandiosa que invade as vastidões como o grito do valoroso almirante.

— De pé, os mortos!… — exclama-se — porque os vivos da Terra se perdem nos abismos tenebrosos.

Humberto de Campos, Parnaso do Além-Túmulo, psicografia de Chico Xavier

De pé os mortos! De pé os vivos! Sob a proteção e ordens do Cristo, de Maria de Nazaré e de Eurípedes Barsanulfo.

Brasília, 15 de novembro de 2023.

Desembargadora Salete Silva Sommariva
Delegada da ABRAME em SC

Juiz Federal José Luis Luvizetto Terra
Delegado da ABRAME no RS

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ABRAME

Associação Brasileira dos Magistrados Espíritas