Na mensagem Jesus em nós1, o Espírito Agar, pelas abençoadas mãos de Francisco Cândido Xavier, sugere que contemplemos o quadro sublime da natureza ante o sol da manhã, a beleza geral ao clarão do céu, a lama refletindo cintilações, o grão de areia assemelhando-se a pequeno diamante perdido e a poeira esparsa lembrando filigranas de luz. Em seguida, Agar compara esse quadro com nosso mundo interior, quando Jesus encontra meios de fulgurar em nós.
Que beleza de comparação! Muito reconfortante para nós, espíritas, que temos o dever de buscar a transformação moral, de nos esforçar para combater e modificar nossas más inclinações.
O processo de mergulho íntimo para o autoconhecimento, se sincero, exige muito esforço e dedicação. Em regra, ele gera bastante desconforto, uma vez que nos faz encontrar facetas do nosso comportamento e do nosso caráter que não são muito agradáveis, marcas do chamado homem velho, aquele que devemos modificar. É evidente que em nosso passado também encontramos facetas positivas, quadros agradáveis, mas os negativos, quais focos de enfermidades morais, são os que nos incomodam e necessitamos de esforço para modificá-los.
É um processo muito pessoal, singular e solitário, e a prece é nossa grande aliada. A oração nos ajuda a contatar nossos benfeitores, nosso Anjo da Guarda,2 o que nos é muito útil, uma vez que eles – como cuidam de nossa existência desde muito antes da atual encarnação – conhecem nosso passado espiritual e vão nos inspirando nas veredas do nosso mergulho interior.
Nesse passo, a mensagem do Espírito Agar é ainda mais importante. Através da oração, do contato com nossos amigos espirituais, conseguimos aproximar nossa mente de Jesus, permitindo que Ele encontre meios de fulgurar em nós como o sol da manhã. Quando isso acontece, tudo fica mais claro, mais bonito. Passamos a compreender nossas imperfeições e a encontrar os caminhos de acerto. Compreendemos ainda a beleza da oportunidade da vida atual, seja em que condições estivermos, percebendo que todas as circunstâncias fáceis ou difíceis são, na verdade, belas oportunidades de aprendizado. Com a claridade de Jesus, vamos entender que a tristeza, a dor, a necessidade e a luta são sagrados estímulos para a nossa ascensão.
Permitamos, assim, através da oração e do sincero desejo de melhorar e encontrar Jesus, que o Mestre se aproxime de nós e que a Sua luz fulgure em nossa alma para que o necessário caminho do aperfeiçoamento se faça mais leve e sereno, como a suave claridade do sol da manhã.
Referências
- XAVIER, Francisco Cândido. Cartas do coração. Por Espíritos Diversos. Rio de Janeiro: Fundação da Aliança do Divino Pastor, 1952. pt. I, cap. Jesus e nós. ↩︎
- KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Brasília: FEB, 2013. pt. 2, cap. IX, q. 489. ↩︎
