Jesus e o convite ao dinamismo

À chamada regra de ouro “não faça aos outros o que não deseja que lhe façam”, pedra de toque do conceito de justiça da antiguidade, devemos acrescentar a regra de diamante que Jesus nos trouxe, à qual se traduz em convite incessante de ação para o bem, que não pode ser tímido nem omisso, sob pena de o mal se espalhar, conforme os Espíritos responderam a Kardec na questão 932 de O Livro dos Espíritos:

“Por que, no mundo, tão amiúde, a influência dos maus sobrepuja a dos bons?

Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos.
Quando estes o quiserem, preponderarão”

Inquestionável que já é uma grande conquista evolutiva deixar de praticar o mal, no entanto, a inação em praticar o bem pode contribuir para que o mal germine, cresça, floresça, dê frutos e sufoque à maior parte da “lavoura”. Ou seja, não pode ser negligente ou inoperante em relação a combater as ações deletérias, dentro do vasto leque facultado pelo ordenamento jurídico humano e pelas Leis de Deus.

Transcender essa fase de se abster de fazer o mal, para decidir fazer o bem, é compromisso espiritual de todos. E na exortação “faça aos outros o que deseja que lhe façam” o verbo é imperativo e se refere à ação, Ou seja, dinamismo.

Não há dúvidas de que o Evangelho é o Edifício de Redenção das almas. E o dinamismo é uma das lições que se avultam. Emmanuel, inclusive, no capítulo vinte da belíssima obra Roteiro, cujo título é “Evangelho e Dinamismo”, discorre sobre esse tema. Eis algumas das belíssimas lições que o benfeitor traz:

“Com o Cristo, não vemos a ideia de repouso improdutivo como preparação do Céu”.

“Não foge o Mestre ao contacto com a luta comum”.

“A Boa Nova em seu coração, em seu verbo e em seus braços é essencialmente dinâmica”.

“Não se contenta em ser procurado para mitigar o sofrimento e socorrer a aflição”.

“Vai, Ele mesmo, ao encontro das necessidades alheias, sem alardear presunção”.

A origem da palavra dinamismo (qualidade que se tem de ter energia, atuar com prontidão, diligência etc.) é grega, cujos componentes são: dynamis (força, poder, capacidade, etc.), somado ao sufixo ismo.

Dos muitos ensinamentos de dinamismo facultados pela Boa Nova, avultam-se os das curas da sogra de Pedro e da filha de Jairo.

Quanto à primeira (cura da sogra de Pedro), dentre as múltiplas interpretações, pode-se compreender que as palavras dos evangelistas Mateus, Marcos e Lucas, segundo as quais O Mestre adentrou na casa de Pedro, viu a sogra deste acamada, com febre (que não é propriamente a doença, mas sim sintoma de várias doenças), tocou-lhe as mãos, curou-a (a febre a deixou) e ela levantou-se e O serviu, podem ser entendidas metaforicamente no sentido de que é preciso deixarmos Jesus adentrar em nossa Casa Mental, a fim de que, assimilando e agindo conforme os Seus exemplos, o toque do Seu amor cure as angústias e dúvidas existenciais, sintomas de um Espírito ainda aturdido quanto à programação e ao roteiro espirituais, simbolizados pela febre. Uma vez curados, aptos para o trabalho, O dever do cristão é ser dinâmico (levantar e servir), levar a Boa Nova nas palavras e ações, passando a ser as mãos de jesus.

Relativamente à cura da filha de Jairo, também narrada pelo três Evangelhos Sinóticos (Mateus, 9:18-26: Marcos, 5:21-43 e Lucas, 8:40-56), outra lição de dinamismo:

Jesus toca a mão da menina e dá uma ordem simples, direta e afável: “Talita, cumi”, que pode ser traduzido por “menina, levanta-te”. Em tocar a mão já percebemos um convite ao dinamismo, eis que essas são a parte do corpo que mais executam as ações a que nos propomos. O “levanta-te”, por sua vez, pode-se entender como a reafirmação da necessidade do trabalho constante dos que aceitam jesus como Modelo e Guia. Mas para que cada um se mantenha firme nas tarefas da seara do Mestre, é necessário que se alimente das lições do Evangelho, que é o espelho onde podemos ver a Sua imagem refletida, conforme observa Emmanuel no capítulo quatro do livro Pensamento e Vida. E essa é uma das múltiplas interpretações que podem ser dadas ao fato de que, logo depois de se levantar e andar pela casa, Jesus ordena que alimentem a garota.

Assim como a conversão da energia química do alimento em energia mecânica permite as diversas atividades do organismo, nas páginas do Evangelho encontramos os nutrientes indispensáveis para a nossa nutrição espiritual, que nos conferirão o preparo para sermos sal da terra e luz do mundo.

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Telma Mª S. Machado

Diretora de Comunicação e Delegada da ABRAME (SE); Graduada em Ciências Biológicas e em Direito; Pós-Graduada em Direito Processual Público; Juíza Federal da Seção Judiciária de Sergipe; Mestre em Filosofia e Escritora.